4 de dezembro de 2015


Talvez em 0,000 000 003% dos homens tenham-me conseguido conhecer, numa probabilidade de 73% de eu nunca estar completamente com quem estou. 

19 de novembro de 2015


Deixei contorcer-me um bocado, para dar oportunidade ao sistema nervoso central entrar em fast forward.

6 de novembro de 2015

Learning from cats.

Caso seguíssemos o exemplo dos gatos, seriamos neuróticos como somos hoje, mas com muito, muito mais tempo para dormir. O que me alvoroça num gato é a maneira como combina a neurose, a incredulidade e o medo – para não falar numa ausência total de sentido de humor – com o talento para procurar e apreciar o conforto, e sobretudo a capacidade para dormir 20 em 24 horas, sem a ajuda de benzodiazepinas. O gato é neurótico mas folga. Tem acessos, muito curtos, de loucura, em que se embandeira em saltos oblíquos. Mas, acima de tudo, deslinda o sistema binário da existência. Que é: dormir faz fome. Comer faz sono. Acordo porque tenho fome. Adormeço porque comi. Nos intervalos, faço as defecações (cagar, amar, mijar, folgar, ansiar), mas são verdadeiramente necessárias.

5 de novembro de 2015

Ontem nadei em azul e fui bailado por meia dúzia de aranhas aéreas. Parasitas medidos em centímetros. Sejam vacas, cobras ou hienas. Lembram-me que vivemos no mesmo mundo; mas não temos o mesmo instinto.

12 de outubro de 2015

Agora. Nunca estou completamente com quem estou. Estou um bocadinho. Estou a 73 por cento. Mas atualmente, este é o meu jeito de apaixonar-me. Há quem só se apaixone assim. Eu quero acreditar que sim. É, este sou eu, a tentar apaixonar-me por outros corpos. Corpos que para mim têm sempre uma característica comum, por muito que me aliviem, desocupem, respeitem ou assegurem, são, variando os prazos e prolongando mais ou menos o pequeno mistério que acaba por se revelar (sempre depressa de mais), corpos desinteressantes. 
Porquê?! Confesso, que ultimamente penso muito nesse porquê. Não sei o que se passa comigo. Bem me coíbo mas, pronto, de vez em quando, lá me foge o pé para a bota e, antes de me dar conta do que estou a fazer, já é tarde, já estraguei tudo, já estão os pensamentos registados. Acontece. Ultimamente acontece sempre. Paciência. É mesmo assim. Quando não funciona, apresento-me como selvagem, já não dá. 
Desculpem! Desculpem a dor aguda, do asfixiamento dos corpos cavernosos da estrutura peniana, entalada entre as minhas pernas.

29 de setembro de 2015

O que vale é a cidade ser bonita, a cadela precisar de mim, e a música não me poder ouvir. 
O que vale são as horas, haver sempre noite. E sítios onde poderia estar, que não saem do lugar, mesmo que eu nunca tenha lá ido.
Um lugar é um lugar. E o que vale é que pelo menos não mudam as letras dos livros desse mesmo lugar.

9 de setembro de 2015



Já vivi fora do mundo. Se já não é assim que sou, o que fui já ninguém me tira.

15 de junho de 2015

Nada serve uma tristeza que, em vez de passageira, é descontínua. Contudo, é só por pouco tempo. Eu hei-de esquecer-me dos amigos de quem espero. Basta-me reconhecer que não valem a pena. E como me ocupam. Só isso! Nem mais uma vírgula.

11 de dezembro de 2014

É um homem que chora. Chora como as sereias que vêem sempre para chorar. E o som das suas lágrimas faz pensar no canto mortal que em náufragos aventureiros e costas longínquas ficará oculto pelas saias e protegido por um corpo morto e novo. Uma paisagem consistente e mais real que a realidade. E não importa ninguém se atreve a acusar de inverosimilhança aquelas árvores em cujos ramos se agitam.  
É impossível ser-se viciado num lugar? 
Sentir a necessidade de voltar uma e outra vez?

19 de setembro de 2014

LITTLE BLUE BIRD.

Há algo perturbador no ir e vir das ondas que nos faz pensar em questões nas quais não deveríamos pensar até nos sentirmos intelectualmente capacitados ou talvez mais insensivéis a esse universo líquido de que em tempos saímos arrastando-nos como náufragos sobreviventes do cataclismo da evolução. 
TO DIE WILL BE AN AWFULLY BIG ADVENTURE!

1 de agosto de 2014

Náuseas e enjoos e outra vez a sensação de que a noite pousava sobre mim como um véu pesado por mais que tudo acontecesse durante um luminoso e feroz meio-dia. Escrevo isto com um amargo gemido. Homens atormentados à intimidante velocidade dos sentimentos das curvas cada vez mais apertadas desse caminho que serpenteia ao lado de um precipício onde rugem azuis e verdes as ondas altas como montanhas de um oceano imenso como um deserto. Uma relação está condenada a soçobrar e a deixar apenas ruínas emocionais de portas que conduzem a divisões sem paredes a serem devoradas por um bosque escuro. Pareço dar-me conta de que me fui deitar e então vejo-me a acordar num mundo envolta em neblina. A neblina começa a desvanecer-se e esse pesada massa amorfa que eu senti como uma carga durante toda a minha infância assume de repente a forma de um homem tão cruel quanto belo. A impressão que causa é a de um cadáver que não se deu conta de que está morto. Falo de alguém é claro. Aquele homem com impulso suicida de ter de acreditar em alguma coisa pelo simples facto de sentir que acreditar em alguma coisa é melhor do que não acreditar em nada. Alimenta-se das sombras de lua ao longo de mundos selvagens. Os seus pequenos e diamantinos mortos ou talvez tudo isso seja produto da sua imaginação ou a imaginação do produto de desejar sentir tantas coisas imaginadas durante tanto tempo. Dito isto dou por mim a contar as folhas pares de uma árvore enquanto preparo-me para contar as folhas ímpares enquanto penso que morrer seria uma aventura tremendamente formidável mas muito mais formidável e terrível seria matar não? 


12 de junho de 2014

#BANG BANG

Começa com um bang bang e uma morte de criança e termina numa morte de criança e um bang bang ou com diversas mortes de crianças e diversos bangs. I'm not sure but doesn't matter. One thing I'm sure. In the end of beginning or in the beginning of the end the blue kid dies. A criança azul suicida-se e aqui em Neverland o grito do gancho avança pelas entranhas de dois corpos que ainda hoje asseguram o inventário perturbado da imaginação. Um homem grita ao ver um homem que grita enquanto Neverland torna-se num só grito. Começa com um grito e um bang bang de criança e termina num bang bang de criança e um grito ou com diversos bangs de crianças e diversos gritos. I'm not sure but doesn't matter. One thing I'm sure. In the end of beginning or in the beginning of the end the blue kid dies. Três futuros deitados em tinta azulada de fotografias de uma criança selvagem que é um brinquedo perigoso e depende dos gritos dos homens e do bang bang que ecoa nas paredes imaginárias no crepúsculo côncavo de Neverland.


28 de abril de 2014

Entrevista com Yuki

Yuki: Como defines a tua história de infância?
Blue: Até aos meus 13 anos de idade, tive uma infância feliz. Por vezes muito boa, com uma mãe que me amava e que sempre me incentivou na arte. Eu desenhava, lia, escrevia. Eu tinha tudo sob controlo e sabia o que estava a fazer. Nada me parava. Sabia que podia fazer o quisesse porque o mundo era pequeno e as coisas boas aconteciam comigo apenas por sorte. Não tinha nenhum problema, nenhum óbice, naquele tempo inconscientemente vago. A minha avó foi a que mais me ajudou financeiramente a viver como artista. Quando era bem pequeno, tinha a certeza que poderia ser um. Não tinha nenhum problema, porque sempre fui louco dos cornos e o mundo estava nas minhas mãos. Na altura pensava que esse meio era tão grande quanto o meu jardim.

Yuki: Como defines a tua história de adolescente?
Blue: A minha história Yuki. Penso que é como muitas outras. Os mesmos problemas e vícios. Não acredito que somos especiais, pois todos nós carregamos diferentes buracos no corpo. Eu sempre tive uma dor. Não era imaginária. Carreguei essa dor o tempo todo. Provavelmente já era psicológica. Quando essa dor se manifestava, a dor era tão intensa e profunda que eu não pensava em mais nada senão no desejo inquestionável de me suicidar. Sempre achei que tinha tendências esquizofrénicas porque me sentia nervoso o tempo todo. Tinha aqueles hábitos constantes de morder os lábios, coçar o rosto, mexer no cabelo. Sentia um ódio pelas criaturas porque elas não atendiam às minhas espectativas e eu endoidecia por ter de conviver sempre com os mesmos idiotas. Era óbvia a minha reação, quando tinha que lidar com todos esses anormais. Era uma vingança pessoal, porque eles eram tão machos, fortes e definitivamente estúpidos. Diziam que eu era exageradamente dramático, então comecei a sentir-me muito neurótico, paranoico, porque eles sabiam que a qualquer momento eu poderia enlouquecer com o mundo. Não seria tão estranho se ao menos tivesse encontrado um rapaz com o cabelo extravagante. Se ao menos pudesse ter encontrado um punk-rocker! Eu queria ter feito parte de um grupo mas não dos “normais”, não dos populares da escola. Queria fazer parte das aberrações, talvez assim encontra-se alguém semelhante. Por sorte achei um amigo gay, chamava-se Pedro. Basicamente salvou-me naquele tempo em que eu só pensava no suicídio. Aparentemente todo o mundo sabia que ele era gay, ele não se importou em me dizer, ou eu não me importei em perceber. Depois disso comecei a perceber que as pessoas me olhavam de uma forma estranha. E foi aí que comecei a ser perseguido e fisicamente espancado. No entanto a partir daí foi motivo de orgulho para mim, pelo simples facto de sentir prazer de quebrar as regras da “normal” sociedade e de sentir uma espécie de prazer naquela dor. No fundo tornou-se suportável aquele conflito e já me parecia estranho ser de uma outra forma. Era entusiasmante. Porque quase achei a minha identidade. Aos olhos dos que me amavam fui sempre a criança especial. Não era o que procurava mas era melhor do que ser uma outra coisa qualquer.

Yuki: Como defines a tua história com o teu pai?
Blue: Sempre tive um condicionamento precoce, mas quando comecei a tornar-me num maníaco-depressivo aos 13 anos, não via isso dessa forma. Penso que a minha geração foi uma das últimas mais ingénuas. Tudo era uma fantasia. Tudo era, tipicamente medieval comparado com os dias de hoje. Eu vivia sendo espancando, quer psicologicamente ou fisicamente. O meu pai, em ocasiões sociais, tipo, em tascos vertia desilusão no olhar cada vez que me apresentava como “Este é o meu filho bailarino”. Nunca entendi o porquê de o meu pai ficar tão encavacado e intimidado pelo que as pessoas irão pensar de mim, ou até mesmo dele. É um tratamento psicológico fodido para uma criança como eu, porque ainda hoje me recrimino por não fazer certas coisas da forma sendo dada como correcta. Tenho muita raiva de mim. Porque sempre fui condicionado a não cometer erros. Fode-te por isso! Nunca senti que tive um pai de verdade. Nunca tive uma figura paterna com quem pude compartilhar todas as coisas. Sempre senti e carreguei a verdade dura e crua, de que sempre fui o menos importante da sua lista. Sinto que ele nunca se importou, mas também quero que ele saiba que agora não guardo remorsos ou qualquer tipo de rancor. Só não quero falar com ele porque não tenho nada para lhe dizer.

27 de dezembro de 2013

Querido Blue,

Já chegamos a finais de Dezembro meu amor. Ontem veio-me á cabeça: como seria este universo se existisse uma teoria exacta para descrever em geral cada homem deste planeta. Numa mesa falava-se de espécies. No entanto a minha questão era descobrir a tua. E aí sim. Reparei que és do tempo desta máquina azul, podias até ser um soldado renascido dos tempos da revolução, anos 74, quando ainda se usavam cravos em vez de armas. Nesses tempos faziam-se espécies como a tua, quando os homens em vez de flores ofereciam amor. Nesta altura do ano é impossível desejar outra coisa. O teu beijo é uma mistura perfeita juntamente com as cartas e é por isso que nunca foste apenas mais uma personagem dum filme. Quero que saibas que vivo para TI E PARA MIM: Se um dia estiver longe escreve-me. Porque só nas tuas palavras e em ti, reside todo o amor do meu corpo.

Com amor,
Alice

14 de setembro de 2013

Homem anti social. 
Eu que sou nada parei der repente em melancolia. 
Em silêncio mergulho várias vezes em tinta negra. 
Naquela tinta derramada onde a respiração tirada do rosto a superfície da minha água. 
Meio louco. 
O meu rosto parecia desafiar uma chuva de golpes. 
A pele amarelada colada aos ossos lisos da minha cara. 
Esqueletos do crime. 
Um cúmulo de iniquidades que sai da minha garganta. 
Um homem que existe. Um fechar do coração. Parei de sangrar.

30 de agosto de 2013

No parapeito da janela coberta de chuva cinza olhava as ruas escuras na malignidade surda.
Rapidamente o meu corpo expeliu um suor derretido que prolongava-se a uns quantos quarteirões longe da alegria queimada ao sol.
Reproduzia repetidamente diante do reflexo os gestos mecânicos que a assassina me fazia reviver.
Gestos mecânicos esses que me guiam á verdade.
Eu nunca a conheci Yuki ... (Não Blue sempre a conheceste)
Inclino a cabeça e reparo na lâmpada que brilha num recanto sob a prateleira  do piano de um som não desconhecido.
Uma antiga partitura na fragrância de um papel frágil.
Rapidamente este acto  que executa na solidão de um quarto azul deixado durante horas na sensação censurada por mim próprio sente um fragor surdo de um comboio antigo que passou na leitosa neblina a pouca distância dos candeeiros.
Um antigo olhar abandonado.
Um antigo olhar que repentinamente filtrou o negro através das pupilas cinzentas deste meu peixe.
Uma dúzia de linhas para dizer que tudo mudou.
Agora é outro mar outro vale outra cor.
E assim me perco no verde forte das invertebradas artérias do nosso vale não domesticado.

31 de janeiro de 2013


Por vezes sinto-me papel.
Frágil feito de fumaça e osso naquele cheiro que desaparece de rua em rua.
O tempo é como um cigarro que evapora na rapidez com que o vento cinzento passa.
Quando estou longe e vejo que sigo um rumo mas que os outros permanecem na linha de avanço vermelha é fodido pois é quando engulo em seco o riso calculado no último minuto de despedida.
Sempre fui aquele que quer o pouco no muito da linha esguia contraditória.
Desta forma ainda permaneço de mãos trêmulas no pranto daquele ser forte que uiva na noite de lua cheia onde derrama o azul pavão sob o silêncio que cai dos pardais de porta fechada enquanto os violinos serpenteiam o paraíso da solidão partilhada.

Aqui vazo a  1 página do livro da minha sombra de água fresca

10 de dezembro de 2012


Terra seca.
Vento molhado.
Fonte de vida transgrida naquele estranho ser que grita.
Se eu fosse carne?
Seria um peixe.
Se eu fosse uma linguagem?
Seria lava.
Se eu fosse humano?
Seria azul.
Um molde, um mistério, uma metamorfose insaciável que imana tinta num planeta desconhecido.
Os lobos uivam sob a lua nascente.
As borboletas renascem queimadas ao sol.
Os cães inalam palmas sob prantos de crianças.  
Uma visão análoga incoerente capaz de cortar cada pedaço proveniente de uma voz medrosa do sentimento que percorre ruas de azeite naquele mar de estátuas nas horas escuras da cegueira.

23 de outubro de 2012

Construímos a nossa casa entre o espelho e o azulejo sobre um estendal de ruínas.
Ao redor das dunas mais do que animais somos leões diurnos sobre o tempo da tela branca na terra-de-ninguém.
Somos estrangeiros no silêncio de paredes azuis de um tom transparente jamais esquecido.
Longe das inverte bradas artérias da cidade domesticada manchada pelo vicio crepuscular de cafés cheios de cães e de náuseas.
Desenho-te de madrugada.
Um desejo louco de realizar-te com sangue quente latejando nos meus pincéis enquanto percorrem sorrisos no arcaísmo da viela onde fizemos amor.
Transportamo-nos com a lentidão do movimento persa na ganga coçada  onde dissimulamos muito e bem o lume fogoso das coxas.
Um movimento supremo tesudo na insonia do olhar.
Uma cama alta funda que se dissolve num clima intenso de foder tudo sobre a esplêndida tesão.
Tudo passa pelo nosso desejo no tempo aturdido na imensa lenha ardida na inabordável clandestina sombra que é nossa.
Na página 3 sobre os nossos beijos umedecidos 2 Corpos Um Só dissolvidos no vento das manhãs tardias sobre os olhos daquele alguém que ainda devora o meu mundo.

20 de setembro de 2012

Dois paradigmas omnipresentes.
Dois seres terrestres inacabados e sobressaltados naquela pressão aérea sob lava de vulcão.
Dois indivíduos tanta gente impulsionados numa maré livre das ruas sob a multidão imensa em revolta.
Amor.
Amor agora que voltaste para mim agarra as minhas 3 asas.
Uma perdeu-se e necessito dessa tua persistência enclausurada nesse teu olhar que finalmente me perdi.
Expulsei a semente.
Sabes?
Aquela semente doente daquele pulsionar tingido de um sabor esfumado largado ao vento.


Quero voar.
Vamos voar sem rumo?



23 de julho de 2012

Um pai que por 3 vezes envenenou o filho.

Um retrato de um bom pai ausente com o qual procurava substituir na memória das recordações que dele não tenho.
Nunca me pareceu justo que o excesso do álcool justificasse cada conclusão precipitada.
Pode até ser que fosse que seja que sempre tenha sido.
Conversa de surdos já se vê.
Conto mesmo que este retrato me coma a carne como uma unha que apodrece naquela crosta provisória que há-de despertar em mim aquilo que o tempo camuflara.
Sempre vivi na ilusão do sentimento mas pior ainda é sentir que nunca deveria de ter nascido pois a partir desse momento é como se fosse um fardo e tivesse ficado preso a esta puta de vida ambiental.
O mal foi quando comecei a pensar em matá-la enquanto chorava e tapava a boca com as mãos para ninguém me ouvir e continuava a matá-la até ficar com uma massa de sangue no cimo da torre instável.
Acho vezes sem conta que estou a ficar louco.
Um louco-suicida já se vê.
Palavras constantes que me rasgam o mundo de leite seco em que está mergulhado o meu passado e me deixa perceber os contornos esbatidos deste país distante onde ainda me perco e do qual ainda não encontrei saída.
Mas a realidade é que não passo de um ser frágil que acompanha a paisagem e aguarda cair no vale aonde vão os suicidas reconfortados naquele pedaço do mundo de que me habituei a gostar.

19 de maio de 2012

5 de abril de 2012

Revestido nas paredes que tingem de cor azul o imaculado sangue que verte nos meus pincéis.
Traço riscos no corpo escamado que atingiu a clavícula esquerda.
No ar paira um suco gástrico que obriga o corpo contorcido a sugar cada gota dioxina que derrama na tela plástica.  
Ao fundo sob a parte direita uma luz fragmentada que não me parece ser suficiente para revestir a pobre carne habitada.
Debate-se no clorado passado cru e duro num rebobinar de corpos imigrados e vigorosamente decifrados.
Uma ilusão que derrete a tinta azul da minha pele e queima a mente do falso espectador.
Uma criação alusiva  ao futuro forte criado na maré das águas semi-transparentes revestidas pelo sol queimado do inferno.
Puta deusa que olha por mim e martela no recipiente estereotipado onde perfura 3 buracos no meu peito e me vê morrer lentamente e levemente.
Sim já sei vagamente enlouqueci.

15 de fevereiro de 2012


Neste estridente dia nebuloso a frágil semente despertou a delicada beleza.
O som inacessível da tua entidade tocou nas margens da minha terra.
Rondou a minha árvore formando círculos perfeitos que expeliam o teu fértil aroma nas pupilas dos meus olhos vestidos de fogo.
O cheiro antigo voltou.
Um cheiro característico que alimenta a metade mais gasta do meu corpo.
A tua voz rapidamente penetrou a minha mente e fez-me renascer das cinzas.
Agora percebo que na escassez da minha vingança a tentativa de suicídio foi inútil.
Sinto-me farto de bocejar no abismo e espero realmente que o silêncio que enterrei durante anos nunca mais regresse ao nosso vale.
Vamos abrir a terra e semear o sentimento que tanto amávamos?
Quero sentir o fecundo beijo da palavra branca.
Saborear essa tua pele que abandonei.
Desejo descobrir novamente o nome da balança a sinceridade do nosso azul.
Aquele azul berrante que me transforma num autêntico pavão e cicatriza todo o sangue pecado celeste que rodeia a minha clavícula esquerda.
Perdoa a gula dos meus erros.
Volta a snifar o meu amor.
Pois assim caminharei em direcção ao teu corpo que se encontra a 33 quilómetros e 23 metros e dai renascerá os 2 CORPOS 1 SÓ.

1 de novembro de 2011

Uma viagem á lua trouxe-me a chave dos campos da beleza natural que por consequência estimulou o realismo plástico.
Acordei no Árctico numa época bem estranha.
Um cão andaluz em 33 nações embebidas em tinta branca.
Uma brutalidade análoga que inculcou  os portugueses ambiciosos como última análise.
Por fim cortei os corpos e coloquei-os em pequenas tinas como resposta matos.
A futilidade e a lógica de paralisações comerciais desapareceram pois a fisionomia material sugou todo o sangue que ia de encontro aos seus bateres vivos.
Os corpos de repente ficaram vazios e assim dei a consolidação da nova sociedade.


Uma sequência do aparecimento do quotidiano digital através da projecção de raios entérios de lasers azuis ao som lupe do trama de sentidos produzidos.    





24 de setembro de 2011

Sala III

Chego ao espaço ofegante, erotizado e seco.
Ponho-me nu, entro no banho e penso nos olhos azuis.
Dois corpos entrelaçados.
Enlaço-a pela cintura.
Ela começa por me mordiscar o peito e de seguida desliza sobre mim.
Explora-me e conflui-me as virilhas.
Saboreio o cheiro feminino, intimo, um aroma intenso que me faz endurecer.
Tomo-lhe um seio e a minha boca arrelia-lhe.
O outro seio confunde-se no meu rosto.
Quero a posição que me permite penetrar-te de frente.
Desejo-te e sinto uma grande vontade de te afinfar.
Vontade de te afinfar uma, duas, 3 vezes seguidas.
Vontade de voar até ao tutano e deixar a mucosidade da penca percorrer as águas mágicas do pleno arco-íris.


Saio do banho literalmente aromado e a cheirar a azul pavão.
De traseiro em riste, em contra-luz, a minha imagem espelha azul crente que se despiu.
Fiquei azul berrante da cabeça aos pés e de tromba erguida com toda a afabilidade.
Deixo o espaço, dou a vez á quarta personagem unidimensional e por lá fica somente as vogais sonoras e frescas.
O som liquido, a dureza de certas consoantes e o arrastar de sílabas que congelam silêncios. 

29 de agosto de 2011

Nos últimos tempos, nas ocasiões em que me senti possuído por um impulso indomável.
Sim, era apaixonado por ela.
Durou alguns dias, horas e uma vez, até alguns minutos.
A descoberta desse planeta, onde a gravidade começou a colocar aos seus ossos e à sua carne, o tempo que derramou e correu, horizontalmente, o constante e eterno mar de águas conspurcas.
Fez-me perceber que essa viagem breve, não é, definitivamente a minha paragem.
Hoje, opto por viagens azuis longas, pontuais e sem qualquer tipo de turbulência.
E na memória só permanece o simples retrato das três fotografias mais acetinadas.

12 de agosto de 2011

Noite de lua cheia.
As luzes de casa vão apagando-se.
Desvio o meu olhar para a lua azul.
Sustenho a respiração, pois esta encontra-se cada vez mais ofegante e penso nas saudades que sinto.
Saudades do cabelo dourado caído sobre os ombros.
Saudades do olhar, cor volúvel encrespado e cintilando com a mudança da luz.
Simplesmente saudades desta minha visão vigorosa, possante e robusta.
Vem ter comigo logo, pendura-te no meu braço, para assim podermos iniciar a viagem por terras indefinidas.

/uma palavra esmiúça ainda por decifrar.

28 de junho de 2011

आप केवल

2 cigarros.
Dois animais.

Abriu a boca, deixou-a assim ficar e não disse nada.
Sinto-me satisfeito enquanto penso no desenho dos teus lábios molhados.
Senti-me satisfeito quando abocanhaste e aprofundaste cada vez mais.
Extraíste-me tudo o que tinha para te dar e recebeste na boca sem derramar uma gota.
Quando levantas-te o rosto, senti o olhar azul cada vez mais intenso, mas na minha memória só permanece o teu sorriso e o desejo que ficou.
Desejo repetir, quero mais, uma vez mais.

Uma imagem nítida dela a beijá-lo entre as pernas.

7 de junho de 2011

2 Cores Negras Preparadas Para Matar E Morrer.

Fumo sentado na cama precisamente no sitio onde tudo aconteceu.
Um arrastar de imagens onde rapidamente me levou para aquela tarde sussurrada bem passada ao som de G'N'R (beijo)
O momento em que os dois corpos fizeram click e formaram um só (foda)
Ela tinha os olhos meigos e verdes (beijo)
A cabeça era arruivada e gemeu sem hesitar (foda)
Do meu lado direito continha a parede caiada azul de todas as minhas marcas cravadas na pele (beijo)
Do meu lado esquerdo muitas pontas de cigarro deterioradas e danificadas (foda)
E assim permaneci dentro dela (foda-se o beijo)
Desejo-te
Quero-te
Penetro-te
As palavras do momento mágico esculpidas numa nuvem de sangue que tingiu levemente os lençóis (foda)


/3 vezes prazer a foder contigo

31 de maio de 2011


Há 3 anos que ele caminha por terras indefinidas.
Um ser extremista.
Um viajante estético cuja personalidade congela olhos delineados no simples poder de materiais secundários dispostos a atingir os derradeiros inocentes.
Uma batalha preparada a matar o falso ser interior possuidor do veneno ácido populacional.
Uma grande viagem sem um fim traçado, onde procura e aguarda o dia da paragem que lhe forneça a plena paz armada deste inteiro mundo cão.

21 de maio de 2011

Voyage


Vamos azular daqui.
Vamos vaguear sem destino?
Percorrer terras húmidas e tocar com infundos instrumentos.
Escalar montanhas e depois rechearmo-nos no mar.
Vamos deixar tudo para trás?
Quero sentir, nem que seja por breves e escassos dias.
Sentir a luz e a alegria queimada do sol.
Somos livres.
Vamos voar e percorrer este mundo.
 
Dois corpos á procura da paisagem e da fotografia perfeita.

25 de abril de 2011

Num espaço melodioso e livre me encontro.
Um corpo dissolvido entre as folhas soltas ao som do vento.
Um contraste distanciado do escuto gemer onde a paralisia se desfez.
Dessa tua boca esfumada eu desejo consumir, sumir deste mundo e contigo
desvanecer na escura floresta.
Cada caminho que construimos, mais perto eu te sinto, mais vivo eu estou.


Um novo começo longincuo. Longe a ti voarei.


15 de abril de 2011

Num copo com água ácida me afogo.
O meu corpo fragmentado, despedaçado e calejado do sufoco constante despede-se.
Consigo ver uma pitada de azul por detrás do negro obscuro do som ensurdecedor do eco entranhado nas paredes do meu quarto.
Sinto-me novamente.
Um novo ser que bateu no caralho, mas que dança ao sabor de um passo estagnado de  Um Corpo Só.

3 de abril de 2011

Double Shot.

ENCONTRO-ME PÁLIDO COMO UM CADÁVER.
JÁ NÃO ME CHEGA O GRITO QUE GESTICULO NO FOSSO.
NECESSITO DE GIRAR A ALAVANCA DA PARAGEM SOMBRIA DE EMERGÊNCIA,
MAS ESTA JÁ NÃO EXISTE.
A VERDADE É QUE JÁ NÃO TE QUERO SENTIR, ENQUANTO TE SINTO.
A REALIDADE É QUE TU VIVES, EU VIVO MAS SINTO-ME SEM VIDA.
Num simples acto, asfixio-te no meio do asfalto, enquanto te masturbo.
Neste acto de loucura, enquanto te vejo morrer, perfuro um grande buraco no meu peito, de forma que mancho as paredes do nosso vale negro, com o meu excessivo sangue azul.
SIM, EU SEI, EU ENLOUQUECI.

19 de março de 2011


Achava eu que era capaz de me deitar á rua daquele 7º andar,
quando cheiro uma nova erva macia.
Uma loucura excitante dentro de uma caixa abstracta de rede metálica,
que por sinal não a hesito em trepar.
Inalo sem parar o que tens para me oferecer.
Será um começo de uma nova existência?
Não sei, mas a verdade é que do teu jeito sossegas-me, distrais-me e distancias-me
do grito esganiçado do eco das ressonâncias fúnebres do medo que me caracteriza.

24 de fevereiro de 2011

Um passo. Uma pegada. Um rasto.


          Quero-te deixar pisar os meus quadrados.
             Quero que perfures dentro de mim.
           Desejo-te e quero-te engolir em seco.

9 de fevereiro de 2011

A rapariga do grito.


Ele inexperiente de figuras sem cor.
Ele penetra-te um novo sabor.
Ele encarnado num estilo diferente.
Onde te exporta de um estado quebrado proveniente, para um estado decifrado permanente.
Deixando os sussurros no ombro dos traços fodidos, da partilha constante de todos
os nossos gritos despidos.

20 de janeiro de 2011

Dancing.


Dança. Corpo. Espaço. Movimento. Dança. Melodia. Ritmo. Tempo. Dança. Interpretação. Emoção. Exposição. Dança. Pensamento. Imaginação. Reflexão. Dança. Coreografia. Cenografia. Influência. Dança. Contacto. Formato. Staccato. Dança. Diversidade. Individualidade. Particularidade. Dança. Figura. Forma. Plataforma. Dança. Multiplicação. Distinção. Repetição. Dança. Afirmação. Expansão. Imitação. Dança. Contexto. Projecto. Manifesto. Dança. Liberdade. Possibilidade. Necessidade. Dança. Presença. Aparte. Arte. Dança. Improvisação. Sistematização. Formação. Dança. Dor. Construtor. Espectador. Dança. Tranquilidade. Espontaneidade. Naturalidade. Dança. Sensibilização. Experimentação. Construção. Dança. Personalidade. Oportunidade. Popularidade. Dança. História. Essência. Vivência. Dança. Desejo. Físico. Sentido. Dança. Fluidez. Desenvolvimento. Deslocamento. Dança. Significado. Mensagem. Aprendizagem. Dança. Subjectiva. Tentativa. Demonstrativa. Dança. Grupo. União. Urbanização. Dança. 
Interrogação. Definição. Evolução. 
Dance.


"Dancing isn't something that you think,
it's something that you just feel!"