4 de dezembro de 2015


Talvez em 0,000 000 003% dos homens tenham-me conseguido conhecer, numa probabilidade de 73% de eu nunca estar completamente com quem estou. 

19 de novembro de 2015


Deixei contorcer-me um bocado, para dar oportunidade ao sistema nervoso central entrar em fast forward.

6 de novembro de 2015

Learning from cats.

Caso seguíssemos o exemplo dos gatos, seriamos neuróticos como somos hoje, mas com muito, muito mais tempo para dormir. O que me alvoroça num gato é a maneira como combina a neurose, a incredulidade e o medo – para não falar numa ausência total de sentido de humor – com o talento para procurar e apreciar o conforto, e sobretudo a capacidade para dormir 20 em 24 horas, sem a ajuda de benzodiazepinas. O gato é neurótico mas folga. Tem acessos, muito curtos, de loucura, em que se embandeira em saltos oblíquos. Mas, acima de tudo, deslinda o sistema binário da existência. Que é: dormir faz fome. Comer faz sono. Acordo porque tenho fome. Adormeço porque comi. Nos intervalos, faço as defecações (cagar, amar, mijar, folgar, ansiar), mas são verdadeiramente necessárias.

5 de novembro de 2015

Ontem nadei em azul e fui bailado por meia dúzia de aranhas aéreas. Parasitas medidos em centímetros. Sejam vacas, cobras ou hienas. Lembram-me que vivemos no mesmo mundo; mas não temos o mesmo instinto.

12 de outubro de 2015

Agora. Nunca estou completamente com quem estou. Estou um bocadinho. Estou a 73 por cento. Mas atualmente, este é o meu jeito de apaixonar-me. Há quem só se apaixone assim. Eu quero acreditar que sim. É, este sou eu, a tentar apaixonar-me por outros corpos. Corpos que para mim têm sempre uma característica comum, por muito que me aliviem, desocupem, respeitem ou assegurem, são, variando os prazos e prolongando mais ou menos o pequeno mistério que acaba por se revelar (sempre depressa de mais), corpos desinteressantes. 
Porquê?! Confesso, que ultimamente penso muito nesse porquê. Não sei o que se passa comigo. Bem me coíbo mas, pronto, de vez em quando, lá me foge o pé para a bota e, antes de me dar conta do que estou a fazer, já é tarde, já estraguei tudo, já estão os pensamentos registados. Acontece. Ultimamente acontece sempre. Paciência. É mesmo assim. Quando não funciona, apresento-me como selvagem, já não dá. 
Desculpem! Desculpem a dor aguda, do asfixiamento dos corpos cavernosos da estrutura peniana, entalada entre as minhas pernas.

29 de setembro de 2015

O que vale é a cidade ser bonita, a cadela precisar de mim, e a música não me poder ouvir. 
O que vale são as horas, haver sempre noite. E sítios onde poderia estar, que não saem do lugar, mesmo que eu nunca tenha lá ido.
Um lugar é um lugar. E o que vale é que pelo menos não mudam as letras dos livros desse mesmo lugar.

9 de setembro de 2015



Já vivi fora do mundo. Se já não é assim que sou, o que fui já ninguém me tira.

15 de junho de 2015

Nada serve uma tristeza que, em vez de passageira, é descontínua. Contudo, é só por pouco tempo. Eu hei-de esquecer-me dos amigos de quem espero. Basta-me reconhecer que não valem a pena. E como me ocupam. Só isso! Nem mais uma vírgula.