23 de julho de 2012

Um pai que por 3 vezes envenenou o filho.

Um retrato de um bom pai ausente com o qual procurava substituir na memória das recordações que dele não tenho.
Nunca me pareceu justo que o excesso do álcool justificasse cada conclusão precipitada.
Pode até ser que fosse que seja que sempre tenha sido.
Conversa de surdos já se vê.
Conto mesmo que este retrato me coma a carne como uma unha que apodrece naquela crosta provisória que há-de despertar em mim aquilo que o tempo camuflara.
Sempre vivi na ilusão do sentimento mas pior ainda é sentir que nunca deveria de ter nascido pois a partir desse momento é como se fosse um fardo e tivesse ficado preso a esta puta de vida ambiental.
O mal foi quando comecei a pensar em matá-la enquanto chorava e tapava a boca com as mãos para ninguém me ouvir e continuava a matá-la até ficar com uma massa de sangue no cimo da torre instável.
Acho vezes sem conta que estou a ficar louco.
Um louco-suicida já se vê.
Palavras constantes que me rasgam o mundo de leite seco em que está mergulhado o meu passado e me deixa perceber os contornos esbatidos deste país distante onde ainda me perco e do qual ainda não encontrei saída.
Mas a realidade é que não passo de um ser frágil que acompanha a paisagem e aguarda cair no vale aonde vão os suicidas reconfortados naquele pedaço do mundo de que me habituei a gostar.

Um comentário:

  1. Adorei, adorei, adorei. E acabei por me identificar um bocado também. Parabéns!

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