No parapeito da janela coberta de chuva cinza olhava as ruas escuras na malignidade surda.
Rapidamente o meu corpo expeliu um suor derretido que prolongava-se a uns quantos quarteirões longe da alegria queimada ao sol.
Reproduzia repetidamente diante do reflexo os gestos mecânicos que a assassina me fazia reviver.
Gestos mecânicos esses que me guiam á verdade.
Eu nunca a conheci Yuki ... (Não Blue sempre a conheceste)
Inclino a cabeça e reparo na lâmpada que brilha num recanto sob a prateleira do piano de um som não desconhecido.
Uma antiga partitura na fragrância de um papel frágil.
Rapidamente este acto que executa na solidão de um quarto azul deixado durante horas na sensação censurada por mim próprio sente um fragor surdo de um comboio antigo que passou na leitosa neblina a pouca distância dos candeeiros.
Um antigo olhar abandonado.
Um antigo olhar que repentinamente filtrou o negro através das pupilas cinzentas deste meu peixe.
Uma dúzia de linhas para dizer que tudo mudou.
Agora é outro mar outro vale outra cor.
E assim me perco no verde forte das invertebradas artérias do nosso vale não domesticado.